Autoria Contos e ditos da Inês Aroso

Mãe todos os dias

Há mulheres que dizem que é o dia mais feliz das suas vidas: o dia em que se tornam mães. Eu sou muito emotiva e poética, mas de feliz o dia, em si, tem muito pouco. Tem espera, tem dores, tem cortes, tem sangue, tem pontos, tem toques (nem perguntem!).
Mas uma coisa especial esse dia tem: magia, muita magia. Um golpe mágico que muda a vida de uma mulher para sempre. Parecem horas os segundos que esperamos por ouvir o primeiro choro do nosso bebé. É uma alegria quando ouvimos aqueles gritos (que nos irão tirar o sono por muitos anos). E tudo começa quando nos deitam o bebé no nosso colo e sentimos que o nosso coração saiu do peito.
Cada dia, cada semana, cada mês, cada ano, esse amor cresce e o nosso coração continua ali a saltitar fora do nosso peito, mesmo quando os nossos bebés já são adolescentes e até adultos, com os seus próprios filhos. A minha mãe e o meu pai são assim, com os seus 4 filhos, e eu sei que também serei igual com a minha filha. E nunca os compreendi tão bem como desde que fui mãe (desculpem lá ter sido tão chatinha, especialmente contigo, mãe).
Voltando atrás no tempo, não tenho a visão romântica dos tempos de bebé. Claro que os bebés são fofinhos… especialmente quando estão a dormir. Mas quando choram, gritam, sujam fraldas, não nos deixam dormir, começam a comer sopas e purés que borrifam por todo o lado, ficam doentes e temos mil e uma coisas para fazer, pouco tempo nos resta para respirar. Todas as mulheres merecem ter alguém que as ajude, que as mime, que as acompanhe desde as mais simples tarefas (mudar a fralda) até às mais complicadas (ensinar o pai a mudar a fralda).
Falando a sério, é fundamental um apoio contínuo, especialmente no primeiro ano da criança, venha ele de onde ele vier. As mulheres são heroínas por naturezas, as mães são super-mulheres, mas é fundamental que a fase inicial da maternidade seja apoiada pela família, amigos ou serviços especializados, para que a mãe nunca se esqueça que também é mulher.
Nas próximas crónicas, falarei de temas que todas as mães ou futuras mães precisam saber, mas não prometo receitas infalíveis. Na verdade, acreditem, por muito que leiam, aqui, ali, acolá, nada vos ensinará a ser mães. Comprei muitos livros quando a minha filha era bebé. Já os dei todos. A vida ensina-nos que cada filho é único. Com uma filha na adolescência, regressam os medos daqueles tempos em que ela era bebé: o que será que ela tem (sim, porque também deixam de falar), o que será que ela sente (ora triste, ora alegre), será que estou a ser boa mãe (às vezes, faz-me sentir que não)? Basta questionarem-se para saberem que, pelo menos, estão a dar o vosso melhor. E é isso… ser boa mãe.